terça-feira, 12 de março de 2019

Gelo


Reluzente floco de gelo, de onde vem tuas delineadas partículas atômicas?

Como se conformam teus átomos de hidrogênio para dar espaço ao oxigênio que te medeia?

Quão impiedoso é o frio que desagita teus elétrons para que mantenhas tão rija e cristalizada estrutura?

Por que te desfazes ao sol para chorar as lágrimas que, descendo pelas cordilheiras, formam os rios?

(...)

Mergulho-te com meu dedo em um copo de uísque. Tu submerges, rodopias, flutuas... me olhas.

Bebo um gole profundo do, agora, glacial líquido.

Impiedosamente, agrides minha combalida faringe. Sinto o teu poder. Me arranhas de modo indiferente, cruel.

Assusto-me. E tusso...

(...)

Eis a lição aprendida: o gelo, meus amigos, é como o amor feminino.

Em estado frio, agride nossa saúde.
Sob calor, é a fonte de toda a vida.


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