Somos
compostos por nitrogênio, carbono e um punhado de outros elementos químicos. Como
sabemos, esses elementos se agregam e se combinam, de forma sistêmica e,
sobretudo, orgânica, para que possamos existir.
A
razão pela qual isso acontece é, cientificamente, indemonstrável. Há toda sorte
de crenças que respondem a essa e outras perguntas, mas todas pressupõem que,
em determinado momento, cessemos as questões e abracemos a explicação pela fé,
sem aprofundar as ponderações.
A
verdade é que sempre questionaremos por que toda a matéria desorganizada do
cosmo insiste em se aglutinar de forma precisa e harmônica para formar seres
que deliberam e executam ações de forma racional e programada.
Em
que pese não saibamos (e talvez nunca saberemos) o porquê disso tudo, temos a
exata noção de que a matéria se organiza somente por um tempo, formando a vida,
para depois se estraçalhar e se decompor em um infindável aglomerado de substratos
e reminiscências da existência orgânica.
Diante
dessa inexorável constatação, qual seja, da finitude da nossa existência, cabe
a nós, seres vivos, frutos desse mistério, decidir o que faremos nesse curto
espaço de tempo em que estamos, como matéria, organicamente jungidos.
Até
porque a limitação da nossa vida nos impõe que estejamos sempre fazendo
escolhas e tem a importante função de atribuirmos o devido valor às coisas.
Vejam que conferimos maior valor às férias em razão da sua finitude. Certamente
seriam menos aproveitadas se se prolongassem indefinidamente.
No
pouco que reflito, não vejo caminho outro senão desfrutar desse tempo que nos
foi dado. Ainda que devamos fazer planos para o futuro, dado que, sem
planejamento, nada se constrói, não creio que devamos dedicar boa parte das
nossas vidas a isso – a olhar somente para a frente.
Claro
que o cotidiano não se compadece dos nossos sonhos nem tem compromisso com
nosso constante bem-estar. Temos, todos, muitas obrigações e responsabilidades.
Não obstante, resta-nos aproveitar espaços de distração sempre que tivermos tempo
para tanto, sempre que pudermos nos desligar dos deveres.
Nesses
curtos espaços de lazer, identificamos, se não a razão para existirmos, pelo
menos bons motivos para fazê-lo: famílias, amigos, risadas, entre outras coisas
boas.
Existir
é, antes de tudo, uma grande oportunidade.