Quão
ingrata é a posição da testemunha...
Geralmente
arrolada por uma das partes, sente a responsabilidade pelo futuro de outro ser
humano recair sobre o seu relato. Sabe que as palavras que verbaliza podem
conduzir a um destino diverso e, frequentemente, pouco auspicioso para os
envolvidos.
Ser
humano que é, carrega compaixão, empatia e, em geral, não deseja causar dano a
ninguém. Está nervosa, pouco confortável com a situação e deseja apenas sair
dali.
Não
obstante, está obrigada por lei a dizer a verdade do que viu e presenciou.
Às
vezes finge naturalidade, outras vezes adota o formalismo, mas não consegue
disfarçar o nervosismo.
Dialoga
internamente tentando dizer o que deve dizer sem prejudicar a si mesma ou ao
réu, geralmente pessoa conhecida. Por vezes consegue. Muitas vezes falha.
Inquirida
por todos na sala, é obrigada a contar as piores fofocas na frente do próprio implicado
nelas. Tem, portanto, a obrigação da descortesia.
Relatando
o que presenciou, é pressionada pelas partes a dizer o que tem para dizer da
forma mais grave ou amena possível, a depender do caso, quando não a confessar
coisas que fez e não gostaria de expor.
Terminada
a inquirição, recebe um “obrigado”, “boa tarde” e volta para casa, agora tendo
que lidar com novas inimizades.
Pesando
e medindo, às vezes parece melhor ser réu a ser testemunha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário