sábado, 21 de janeiro de 2017

Caminho





Pelo gélido e lúgubre caminho cruzou o discreto cavaleiro da Justiça.
Despido das suas vestes talares, sucumbiu àquilo que a todos une e a ninguém perdoa.
Permanece ainda silente, compenetrado e sério; desta feita, no impassível repouso.
Vitimado pela irracionalidade do destino, é, agora, não o juiz, mas o réu de uma sentença irrecorrível.

(...)

A qual outro homem moderno caberia empunhar tão honrosamente a libra e o gládio?
Quais e quantos outros serviriam tão solenemente ao seu circunspecto propósito?
Quem, às vésperas da obscuridade, poderia trazer à Babel a cautela dos anciãos e a solidez do ósmio?

(...)

Solte esta pesada caneta, Forseti. Descanse.
Não tens mais o dever do sopeso.
Tu, na verdade, não nos deixas, pois viverás na memória dos teus.
A teu caminho seguirão outros, imbuídos da tua prudência e rigor.
E se, por alguns, fores esquecido, teus escritos falarão por ti, reverberando lições aos jovens.
Viva, agora, para sempre.

 
*Em memória de Teori Albino Zavascki

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