O tempo escorre pelos nossos dedos, como grãos de fina areia numa ampulheta. Ele é restrito e finito, como é tudo que tem altíssimo valor intrínseco.
(...)
Em toda a história, tudo que sempre foi especial e importante o foi possuído por poucos e por pouco tempo.
As coisas realmente boas são, por essência, limitadas e de acesso restrito.
As riquezas inebriantes, o prazer refinado, a suprema inteligência, a boa música e a beleza impactante são singularíssimas (e excepcionais).
São desvios fora da curva. São pequenos feixes de luz na escuridão do Universo. São barcos à deriva num imenso oceano de mediocridade.
Poucos as têm. Mesmo assim, se as possuem, as detém em pequeníssima quantidade.
Basta ver que Páris, irmão de Heitor e filho de Príamo, somente possuiu Helena de Tróia por pouquíssimo tempo.
Tudo que é precioso não é e nunca foi abundante. Pelo contrário, sempre foi restrito.
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Assim é a vida. Uma experiência espetacular e acachapante, porém muitíssimo curta. A morte, por outro lado, é caudalosa e exaustivamente longeva. Não tem fim.
Sendo a vida recheada de bons e maus momentos, cabe desfrutar dos primeiros e tirar lições dos últimos. Deve-se extrair tudo dela e sorver até a última gota, pois não se desperdiça o que é sublime.
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Portanto, esqueça a música: não temos todo tempo do mundo.
O filtro da relevância para aborrecimentos sempre deve estar ligado.
Sem queimação de graxa, olhando para frente.
Para a vida, não há bis.
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