Observo
o pequeno. Como de costume, está sentado sobre seus calcanhares em frente ao
escuro e frio centro da sala. Suas mãos, branquíssimas, seguram o bloco de
notas da vovó. Com um lápis, rabisca seus primeiros traços...
"Prováveis
projeções do que sonhou no dia anterior", penso.
Presumo
que sejam seres fantásticos vivendo em paraísos de céu cor de anil e árvores de
algodão doce.
Sua
boca, silenciosamente, murmura algumas palavras. Não faço ideia do que tenta
dizer. Acho que fala consigo mesmo.
A
televisão reproduz o rotineiro entretenimento infantil. Não é nela que ele está
atento. Quer saber mesmo é do desenho. Para ele, suponho que seja a principal
preocupação dos últimos tempos.
Reflito...
"Qual
será a fonte do seu pensamento? Quais e quantas conexões entre células nervosas
para formar aquele emaranhado de letras, símbolos e gravuras ali desenhados?
Com que velocidade trafega a rede elétrica dentro de seu cérebro para produzir
aquelas ideias?"
Curioso
que sou, pergunto.
Ele não
me responde. Não sou objeto de sua atenção, no momento. Interessa-lhe o
desenho. Só o desenho.
FBX
*Ao meu sobrinho Dudu, que amanhã comemora o Dia das
Crianças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário