terça-feira, 11 de outubro de 2016

Traços Infantis




Observo o pequeno. Como de costume, está sentado sobre seus calcanhares em frente ao escuro e frio centro da sala. Suas mãos, branquíssimas, seguram o bloco de notas da vovó. Com um lápis, rabisca seus primeiros traços...

"Prováveis projeções do que sonhou no dia anterior", penso.
Presumo que sejam seres fantásticos vivendo em paraísos de céu cor de anil e árvores de algodão doce.

Sua boca, silenciosamente, murmura algumas palavras. Não faço ideia do que tenta dizer. Acho que fala consigo mesmo.

A televisão reproduz o rotineiro entretenimento infantil. Não é nela que ele está atento. Quer saber mesmo é do desenho. Para ele, suponho que seja a principal preocupação dos últimos tempos.

Reflito...
"Qual será a fonte do seu pensamento? Quais e quantas conexões entre células nervosas para formar aquele emaranhado de letras, símbolos e gravuras ali desenhados? Com que velocidade trafega a rede elétrica dentro de seu cérebro para produzir aquelas ideias?"

Curioso que sou, pergunto.
Ele não me responde. Não sou objeto de sua atenção, no momento. Interessa-lhe o desenho. Só o desenho.

FBX

*Ao meu sobrinho Dudu, que amanhã comemora o Dia das Crianças.


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